PIB Gaúcho caiu 7% em 2020 devido a estiagem e pandemia

Nesta quarta-feira(17), foram apresentados, através de videoconferência, os dados do PIB do Rio Grande do Sul do 4º trimestre de 2020 e as comparações econômicas entre os anos de 2019 e 2020. A conclusão apresentada pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), foi de que, apesar da pandemia do coronavírus ter afetado a economia, a estiagem foi principal fator que puxou o PIB gaúcho para baixo. Juntos, a quebra na produção e a pandemia resultaram em queda de 7% do produto.

“Em 2020, tivemos muitos problemas no Brasil e no mundo por causa da pandemia, mas no Rio Grande do Sul também tivemos a estiagem. Ela acabou causando prejuízos na área do agronegócio e da agropecuária”, afirmou Pedro Zuanazzi, diretor do DEE.

As áreas mais afetadas pela seca no Rio Grande do Sul foram a agropecuária (-29,5) e a eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-13,7%). Caso as duas áreas tivessem crescido à mesma taxa do Brasil, o PIB gaúcho teria apresentado redução mais próxima da taxa nacional, que registrou retração de 4,3%.

Queda da economia do Estado (em azul) e do Brasil (em vermelho) (Imagem: Divulgação / Governo do Rio Grande do Sul)No campo, a produção de soja (-38,9%), milho (-26,7%) e o fumo (-22,7%) foram impactadas pela estiagem. Como destaque positivo, a cultura do arroz, que conta com irrigação, teve alta de 8,3% na produção. Para o Rio Grande do Sul, os setores do agronegócio e a pecuária representam quase 10% do PIB.

De acordo com os pesquisadores do DEE, os números podem ser explicados pelo desempenho da economia no primeiro semestre. Além da safra, que sofreu os efeitos da estiagem, ter mais peso nesse período, esse também foi o momento em que a pandemia teve maiores repercussões econômicas em função das restrições, que foram mais acentuadas no segundo trimestre do ano.

Na indústria, todas as atividades registraram desempenho negativo no ano passado, incluindo a construção (-8,1%) e a indústria de transformação (-3,9%). Essa última foi a única a registrar queda menor do que a média do país (-4,3%). Entre as atividades industriais, as principais quedas foram nos setores de Couros e calçados (-21,9%), Veículos, reboques e carrocerias (-21,9%) e de Móveis (-10,0%). Produtos do fumo (+8,9%), Produtos de metal (+8,8%) e Celulose e papel (+5,3%) registraram desempenho positivo.

No setor de serviços, o comércio (-5,4%) e outros serviços (-12,0%) puxaram a queda. Considerando apenas as atividades comerciais, 2020 terminou com resultado positivo para o segmento de materiais de construção (+8,4%), hipermercados e supermercados (+5,9%) e artigos farmacêuticos, de perfumaria e cosméticos (+4,0%). As principais baixas no comércio foram em tecidos, vestuário e calçados (-28,8%). O setor de veículos automotores (-20,2%) e combustíveis (-9,4%) tiveram bruscas reduções em desempenho.

Imagem: Reprodução / Governo do Rio Grande do Sul

Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2020, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o PIB apresentou alta de 2,7%, com destaque para a alta na Indústria (1,8%) e nos Serviços (1,6%). Contra igual período de 2019 a variação ainda ficou negativa em 2,1%.

Ainda que o quarto trimestre tenha consolidado uma recuperação em relação ao trimestre anterior (+2,7%), o resultado anual do Produto Interno Bruto (PIB) somou R$ 473,419 bilhões (6,4% do PIB nacional) e foi fortemente afetado pelo desempenho negativo da Agropecuária, que caiu 29,6% no ano. Os números do Estado, a maior queda da série histórica, ficaram abaixo dos registrados no Brasil, que encerrou 2020 com uma queda de 4,1% no PIB.  O PIB per capita em 2020 foi de R$ 41.449,67, uma queda real de 7,4% em relação a 2019.

O secretário de Planejamento, Governança e Gestão, Claudio Gastal, detalhou que, além do retorno do modelo de cogestão nos municípios gaúchos a partir da próxima segunda-feira (22), um “auxílio emergencial” será criado.

Sobre as projeções para este ano, o diretor do Departamento de Economia e Estatística e um dos responsáveis pela elaboração dos dados apresentados, Pedro Zuanazzi afirmou que agora é muito difícil prever como serão os próximos meses.

“A retomada de ações mais restritivas para o combate à pandemia deve impactar negativamente os números já no primeiro trimestre”, foi o que destacou o pesquisador do DEE Martinho Lazzari. Entretanto, a produção agrícola deve apresentar importante recuperação nesse ano, em especial, por conta do aumento da produção de soja.