8,9 milhões perderam o emprego no 2º trimestre, no pico da pandemia, diz IBGE

Quase nove milhões de pessoas perderam o emprego no segundo trimestre deste ano, quando as medidas de contenção da pandemia de coronavírus foram mais rígidas no Brasil.

O número de pessoas ocupadas caiu 9,6% no período, em relação ao trimestre anterior, o que representa 8,876 milhões a menos trabalhando. É a maior redução desde o início da série histórica, em 2012. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o recuo foi de 10,7% (10 milhões de pessoas a menos), também um recorde.

Com isso, a taxa de desemprego no país chegou a 13,3%, a maior em três anos, atingindo 12,8 milhões de pessoas. O resultado representa alta em relação ao primeiro trimestre (12,2%) e ao mesmo trimestre do ano anterior (12%).

Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua foram divulgados  pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Redução da força de trabalho

De acordo com a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, a taxa de desemprego subiu por causa da redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e desocupadas.

“Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, explicou ela.

O nível de ocupação (pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 47,9%, menor desempenho da série histórica. Houve queda em relação ao trimestre anterior (53,5%) e ao segundo trimestre do ano passado (54,6%).

Perda de empregos com carteira e informais

As medidas de paralisação para conter a propagação do coronavírus em todo o país fecharam empresas e consequentemente provocaram perdas generalizadas de vagas de trabalho.

Com carteira assinada: Total caiu 8,9% em relação ao primeiro trimestre e 9,2% na comparação com o mesmo período de 2019, para 30,2 milhões, menor nível da série.

Informais: Total também chegou ao menor nível, a 8,6 milhões de pessoas, queda de 21,6% na comparação com o trimestre anterior e de 24,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por conta própria: Total caiu para 21,7 milhões de pessoas, uma redução de 10,3% comparado tanto ao trimestre anterior quanto a igual período de 2019.

Domésticos: Categoria somou 4,7 milhões de pessoas, menor nível da série, com quedas recordes em ambas as comparações: -21,0% frente ao trimestre anterior e -24,6% frente a igual período de 2019.

Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhadores com carteira assinada na série histórica e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado. Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE

População subutilizada bate recorde

A população subutilizada chegou a 31,9 milhões de pessoas, o maior número registrado na série histórica. A subutilização leva em conta:

  • pessoas desocupadas (não trabalham, mas procuraram trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa)
  • pessoas que gostariam de estar trabalhando mais horas por dia
  • pessoas que gostariam de trabalhar, mas não procuraram trabalho nos 30 dias anteriores à pesquisa, ou procuraram mas não estavam disponíveis para trabalhar no momento da pesquisa.

O crescimento da subutilização foi de 15,7% (4,3 milhões pessoas a mais) frente ao trimestre anterior (27,6 milhões) e 12,5% (3,5 milhões de pessoas a mais) se comparado a igual período de 2019 (28,4 milhões).

Metodologia da pesquisa

A Pnad Contínua é realizada em 211.344 casas em cerca de 3.500 municípios. O IBGE considera desempregado quem não tem trabalho e procurou algum nos 30 dias anteriores à semana em que os dados foram coletados.

Existem outros números sobre desemprego, apresentados pelo Ministério da Economia, com base no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Os dados são mais restritos porque consideram apenas os empregos com carteira assinada.