Economia gaúcha contrai 3,3% no primeiro trimestre com estiagem e primeiros efeitos da crise da Covid-19

No primeiro trimestre de 2020, conforme divulgado pela Seplag-RS/DEE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou queda de 3,3% relativamente ao primeiro trimestre de 2019 e contração de 2,7% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Para o Brasil, as quedas foram, respectivamente, de 0,3% e de 1,5%. Com isso, o PIB gaúcho registrou aumento de 0,5% no acumulado em quatro trimestres. Segundo o IBGE, o Brasil cresceu 0,9% na mesma comparação.

Sob a ótica da produção, o resultado do trimestre frente ao mesmo trimestre de 2019 refletiu a queda de todos os setores. A maior queda, de 14,9%, foi registrada na Agropecuária, que sofreu com a forte estiagem, tendo maior contribuição as contrações na produção de soja (-27,7%), milho (-19,3%) e fumo (-22,0%). A Indústria teve baixa de 4,6% com quedas na Construção (-3,8%), Indústria de Transformação     (-2,6%) e eletricidade e gás, água esgoto e limpeza urbana (-18,0%); extrativa mineral, na contramão, teve alta de 1,8. No Serviços, que caíram 1,2%, destaque para as quedas no Comércio (-2,8%) e Outros Serviços (-4,0%), para as demais atividades houve crescimento; a alta em transportes foi de 1,5%.

Três aspectos explicam os resultados do PIB do primeiro trimestre para o RS, que passa a desempenhar abaixo do PIB do Brasil. O fator mais relevante, sem dúvida, foi a forte estiagem que afetou em cheio produção agrícola no Estado.  Os efeitos das medidas para combater a pandemia do covid-19 também contribuíram,  porém, cabe lembrar que as medidas de distanciamento social começaram a ganhar corpo nos últimos dez dias de março, de forma que o resultado trimestral reflete apenas as primeiras consequências do isolamento social, que se alastraram pelos meses seguintes. Além disso, há a base de comparação bastante elevada no primeiro trimestre de 2019.

Se o resultado foi ruim no primeiro trimestre, o pior certamente virá no segundo. A falta de chuva não foi restrita aos primeiros meses do ano, tendendo a levar ao segundo trimestre parte dos efeitos negativos da estiagem sobre o PIB. Entretanto, ainda mais importante, será o efeito das medidas de distanciamento social que praticamente paralisaram a economia na primeira parte do segundo trimestre. A boa notícia é que a volta gradual da atividade econômica com o modelo vigente de distanciamento controlado do governo tem mitigado as duras perdas nas últimas semanas. Enfim, estamos “despiorando”, o que dá a esperança de no terceiro trimestre voltarmos a crescer.