Estado e Municípios definem estratégias para aumentar a cobertura vacinal

Traçar estratégias para reverter as baixas coberturas vacinais da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e da Multivacinação foi o objetivo da Secretaria da Saúde (SES) ao reunir  gestores dos municípios gaúchos com menores índices de aplicação das vacinas.

A secretária Arita Bergmann e diretores conversaram por videoconferência com secretários municipais de Saúde e coordenadores regionais de 25 municípios com população acima de 50 mil pessoas e cobertura vacinal da pólio abaixo de 55%. “Muito se discute a vacina para a Covid-19, mas não estamos conseguindo atingir a meta de vacinação das doenças que já possuímos todos os insumos e todas as informações”, ressaltou Arita. “Nesta terça, estamos com 60% de cobertura vacinal, muito longe ainda dos 95% desejados.”

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e a Campanha de Multivacinação foram encerradas em âmbito nacional no dia 30 de outubro, mas o governo do Estado decidiu prorrogá-las em território gaúcho até 21 de novembro. “Ainda podemos atingir a meta. Acreditamos que unindo esforços e reforçando a importância da vacinação junto à população será possível melhorarmos as coberturas vacinais no Estado”, reforçou Arita.

Cada município tem autonomia para definir as estratégias de divulgação e ampliação do acesso que melhor se encaixar na realidade e nas necessidades de sua população. Entre as sugestões levantadas estão, entre outras ações:

levar a vacinação de gotinha para locais de maior movimento como praças;

• estender a abertura dos postos de saúde para além do horário comercial;

• aproveitar a ida das crianças aos postos de saúde por outros motivos, como consultas, para realizar a vacina e checar se existem outras vacinas em atraso no calendário;

• utilizar personalidades e mídias locais para difundir a informação;

• rearranjar os locais de vacinação para fazer com que a população se senta segura em relação à Covid-19;

• fazer busca ativa de crianças e adolescentes que necessitam receber alguma vacina por meio das equipes das Estratégias de Saúde da Família (ESF) ou outros agentes de saúde;

• drive-thru;

• novos Dias D (sábado em que os postos se mantêm abertos exclusivamente para realizar a vacinação).

A chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, lembrou que as vacinas disponíveis no calendário básico de vacinação mudaram o cenário epidemiológico mundial, tornando raras ou erradicando doenças que antes eram comuns. “Mas precisamos continuar vacinando nossas crianças para que essas doenças, como a poliomielite, não voltem, como aconteceu com o sarampo, que já está circulando no Estado novamente há três anos. As crianças são o grupo da população que mais adoece”, explicou. A secretária Arita ressaltou que o ato de vacinar o filho não é apenas uma ação de proteção individual, mas também coletiva.

Dia D

O governo do Estado instituiu que no dia 21 de novembro será realizado um Dia D extra no território gaúcho, permitindo os municípios realizarem mais Dias D, conforme disponibilidade de cada gestor e suas equipes. Nesses dias, os postos de saúde se mantêm abertos para a aplicação de vacinas.

Esquema vacinal

O esquema vacinal de poliomielite é composto, atualmente, por duas vacinas: a injetável aplicada em três doses aos dois, quatro e seis meses de vida da criança, e a vacina oral aplicada aos 15 meses e aos quatro anos. Nesta campanha, todas as crianças dessa faixa etária terão a avaliação de sua situação vacinal para poliomielite. As maiores de um ano que estiverem com seus esquemas vacinais em dia receberão uma dose da vacina oral, a chamada dose D (indiscriminada). Para as crianças que estiverem com seus esquemas de vacinação de poliomielite em atraso, haverá a atualização.

A Campanha de Multivacinação, por sua vez, tem o intuito de atualizar a situação vacinal da população com até 15 anos de idade, de acordo com as indicações do Calendário Nacional de Vacinação. O objetivo é, além de aumentar as coberturas vacinais, diminuir ou controlar a incidência de doenças imunopreveníveis, como tuberculose, hepatite, tétano, meningite, pneumonia e outras. Por ser uma estratégia de atualização de esquemas em atraso, não se trabalha com metas. A avaliação será realizada a partir das doses aplicadas e registradas nos sistemas de informação no período.

Covid-19

Tani Ranieri salienta que todos os postos de saúde estão seguindo as medidas de segurança para evitar o contágio da Covid-19. “As unidades de saúde estão preparadas para receber os cidadãos”, completa.

Pesquisa

Pesquisa promovida pela SES no ano passado mostrou que as principais causas das baixas coberturas vacinais no Estado se devem ao descaso e à desinformação. No levantamento, 59% das pessoas apontaram motivos pessoais para a não vacinação dos filhos, como esquecimento, medo de efeitos colaterais e falta de tempo. Mesmo que por algum motivo não tenham vacinado as crianças, mais de 96% disseram acreditar na imunização e a consideram importante. Apenas 4% responderam não acreditar na eficácia das doses.

Foi constatado, ainda, que os jovens deixam de vacinar seus filhos com mais frequência por não terem convivido com certas doenças comuns em outras épocas e que desapareceram por algum tempo, mas que hoje retornam com força. O sarampo é um exemplo.