Por “excesso de cautela”, Hospital de Campanha será mantido por mais 4 meses junto a Igreja São José

O Hospital de Campanha, montado no salão de festas da Igreja São José, e o Centro de Triagem, que funciona junto a UPA, continuarão montados pelos próximos quatro meses. A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (30) em um encontro com o prefeito Sergio Ghignatti e o grupo que vem acompanhando e opinando sobre as ações que estão sendo tomadas desde o início da pandemia do coronavírus.

A decisão se baseou principalmente em dados técnicos repassados pelo HCB e a opinião de pessoas que atuam diretamente com a saúde a segurança da população. O administrador do HCB, Luciano Morschel, frisou que o pico de contaminação por Covid-19 pode ainda não ter chegado pois o número de casos vem crescendo constantemente tanto na região quanto no Estado. “Talvez não seja necessário utilizar o Hospital de Campanha, mas para agirmos com prudência, é importante mantê-lo montado”, disse Luciano.

O médico Lucas Dalke, diretor técnico do HCB, também afirmou que é favorável a manutenção tanto da triagem quanto do Hospital de Campanha. “Cachoeira tem dezenas de Instituições de Longa Permanência. Se tivermos um surto em alguma delas, é muito provável que o Hospital de Campanha precise ser utilizado. Temos o exemplo do que aconteceu no início deste mês quando tínhamos apenas uma pessoa internada em nossa enfermaria do HCB em um dia e no final dele já eram 9 pacientes, pois recebemos 8 idosos vindo do Asilo Nosso Senhora Medianeira”, exemplificou ele. O HCB tem 30 leitos de enfermaria e outros 58 no Hospital de Campanha.

CUSTO – Luciano Moschel explicou que o custo para manter o Hospital de Campanha montado é de R$ 88 mil para mais quatro meses, indo de 4 de agosto a 4 de dezembro. “Esse é um pacote que fizemos para baixar o custo. Se fosse renovado a cada 30 dias, ele chegaria a R$ 40 mil por mês”, explica.

Até agora, o investimento foi de R$ 213 mil, sendo R$ 108 mil vindo de um recurso da Justiça, empregado diretamente na montagem da estrutura e outros R$ 105 mil para equipar, preparar e manter o local pelos três primeiros meses.

O prefeito Sergio Ghignatti explicou que existe um acordo com o Deputado Federal cachoeirense Marlon Santos que garantiu R$ 500 mil de emenda parlamentar para investir no Hospital de Campanha. O pagamento do Hospital de Campanha está saindo deste recurso, que está aos cuidados do próprio HCB.

“Ou estamos preparados ou não estamos”

O grupo que se encontrou na manhã desta quinta-feira, que reuniu militares, Defesa Civil, Brigada Militar, HCB, Procuradoria Jurídica e Secretária da Saúde é unânime em dizer: ou estamos preparados ou não estamos preparados para um caso de surto de coronavírus na cidade. Desmontar o Hospital de Campanha e montá-lo novamente caso necessário não é uma alternativa aprovada pelo grupo, pois não haveria tempo hábil para isso.

O Secretário Municipal da Saúde, Roger Gomes da Rosa enfatiza que todas as ações são pensadas para evitar a desestabilização do sistema de saúde. “Tudo isso é para evitar que o sistema de saúde entre em colapso. Ainda vemos a pandemia no nosso dia a dia. Se desmontarmos o Hospital de Campanha e daqui alguns dias precisarmos dele, não teremos onde colocar os pacientes de um dia para o outro”, justificou o Secretário.

O Secretário de Trabalho e Ação Social, Edson das Neves Júnior, que também coordena a Defesa Civil, frisou que manter o hospital de campanha é uma segurança para a própria população. “Ele é um suporte neste momento em que se fala principalmente em mais flexibilização na questão do distanciamento social. Quando isso acontecer, existe a chance de mais pessoas necessitando deste suporte hospitalar”, explicou. Além disso, ele frisa que há constantemente pessoas em risco como as que estão nos lares para crianças e adolescentes e pessoas em vulnerabilidade social. Júnior lembrou ainda que em breve Cachoeira entra em períodos chuvosos e com risco de enchente, o que pode agravar o risco de contaminação, caso seja necessário remover famílias para abrigos.

Uma pergunta

Quanto custa a Central de Triagem?

A Central de Triagem custa R$ 200 mil por mês. Neste primeiro período o valor foi pago através de emendas impositivas dos vereadores de Cachoeira do Sul, que aceitaram destinar o recurso para este fim. Após este mês, o pagamento passa a ser feito com recurso federal também destinado a custos gerados pela pandemia. É este mesmo recurso que hoje paga a compra de testes rápidos e PCRs.

Uma dúvida

O que será feito com o material que está no Hospital de Campanha quando ele for desmontado?

Quem responde é o administrador do HCB, Luciano Morschel. Segundo ele, a estrutura das divisórias, piso, instalação elétrica e hidráulica montada para preparar o ambiente é locada e assim que acabar o contrato será retida pela empresa contratada. As camas foram emprestadas pela Mitra Diocesana. Os cilindros de oxigênio também são alugados.

No entanto, há muito material que será utilizado pelo HCB quando a estrutura for desmontada. Ele citou que nestes itens estão incluídos: capas de colchão, papagaio, válvula de oxigênio , mesa de cabeceira, suporte de soro e roupas de cama.