Desde o início da quarentena, o setor mais afetado no Estado é o varejo, com retração média de 28%, seguido pela indústria -23,2%

Os principais indicadores de comportamento econômico-fiscal do Rio Grande do Sul continuam apresentando queda frente a períodos equivalentes de 2019 em virtude dos impacto da pandemia de coronavírus. A retração na última semana de análise, entretanto, embora alta, não foi tão expressiva quanto a observada nos períodos anteriores. As informações constam na terceira edição do Boletim Semanal da Receita Estadual sobre os efeitos da Covid-19 nas movimentações econômicas dos contribuintes de ICMS do Estado, disponível no site da Secretaria da Fazenda e no Receita Dados (portal de transparência da Receita Estadual).

“Os dados extraídos dos documentos fiscais eletrônicos revelam que, em geral, houve uma tendência de redução do tamanho das quedas. Ou seja, a última semana de análise, entre os dias 4 e 10 de abril, proporcionou diminuições menos bruscas do que as semanas anteriores”, explica Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual, ao destacar que as análises consideram o período entre 16 de março, quando foram adotadas as primeiras medidas de quarentena pelo governo, e a última sexta-feira (10/4).

A emissão de notas eletrônicas, por exemplo, atingiu seu pico de queda, até o momento, na semana entre 28 de março e 3 de abril, quando havia caído 31,5%, passando para 25,2% de retração na semana passada. No acumulado desde 16 de março, a redução média é de 17,1%, impactado pelo desempenho positivo da primeira semana, que refletiu a preocupação da sociedade em estocar determinados produtos essenciais. Isso significa que entre 16 de março e 10 de abril o valor médio diário emitido caiu de R$ 2,09 bilhões no período equivalente em 2019 para R$ 1,74 bilhão em 2020, ou seja, cerca de R$ 350 milhões deixaram de ser movimentados, em operações registradas nas notas eletrônicas, a cada dia.

Conforme o Boletim, o mesmo movimento foi apurado em relação aos níveis de atividade da indústria, do atacado e do varejo, que reduziram suas quedas de 41,1% para 32,1%, de 17,6% para 12,4% e de 38,2% para 24,4%, respectivamente, da penúltima para a última semana (4 a 10 de abril). No acumulado do período, desde o início da quarentena, o setor mais afetado segue sendo o varejo, com retração média de 28%, seguido pela indústria (-23,2%) e pelo atacado (-10,1%), que passou a acumular resultado negativo apenas agora.

Conforme Ricardo Neves, os efeitos da pandemia têm afetado de maneira distinta os setores industriais e do varejo. “Enquanto as vendas a consumidor final de produtos de higiene, alimentos, medicamentos e materiais hospitalares aumentaram cerca de 9% no acumulado, o desempenho dos demais produtos, como eletrônicos, móveis, calçados e vestuário, contabiliza quedas expressivas, na ordem de 50%. Essa diferença também é percebida na visão por setores industriais”, avalia.

Setores industriais

O comparativo semanal identificou que para a maior parte dos setores da área de alimentação houve expansão relativa das vendas, como os segmentos de aves e ovos, suínos, bovinos e leite. No mesmo sentido, os setores da área de alimentação e produtos de limpeza ainda apresentam incrementos relativos de venda ao considerar-se todo o período da crise (a partir de 16 de março). As perdas continuam afetando significativamente setores como o coureiro-calçadista, de móveis, têxtil, metalúrgico e de veículos.

Maiores variações no varejo

No top 10 das mercadorias com maiores variações positivas do valor das vendas a consumidor final, ganham destaque produtos do setor de alimentos (carnes, leite, cacau, hortícolas, peixes, cereais e frutas) e do setor farmacêutico. O top 10 das mercadorias com maiores variações negativas do valor das vendas, por sua vez, é composto por veículos, vestuário, máquinas e aparelhos elétricos, móveis, calçados, instrumentos e aparelhos de óptica e fotografia, entre outros.

Combustíveis

No acumulado do período (16 de março a 10 de abril), o combustível com maior queda no volume de vendas é o etanol (-59,7%), seguido pela gasolina comum (-30,3%) e pelo óleo diesel S-500 (-24,1%). O óleo diesel S-10, por sua vez, apresenta incremento acumulado de 2,1%.

Em relação ao preço médio, os quatro combustíveis analisados têm apresentado movimento de queda no período recente, reflexo da atual conjuntura internacional acerca do petróleo. A gasolina comum, por exemplo, chegou a atingir R$ 4,79 no final de janeiro, estava em R$ 4,62 no dia 16/3 e passou a R$ 4,19 em 10/4, última data de análise do Boletim.

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