Câmbio e prêmios recuam e prejudicam negócios com soja

O mercado brasileiro de soja teve uma semana de escassos negócios e de preços sob pressão. Apesar da reação de Chicago, o recuo do dólar frente ao real e a baixa nos prêmios de exportação determinaram a queda nas cotações domésticas.

 A saca de 60 quilos recuou de R$ 91,00 para R$ 89,00 em Passo Fundo (RS) nessa semana. A cotação de Cascavel (PR) caiu de R$ 84,50 para R$ 83,00 no período. No Porto de Paranaguá, o preço baixou de R$ 89,50 para R$ 88,00. 

 Em Rondonópolis (MT), a saca caiu de R$ 84,00 para R$ 82,00. Na região de Dourados (MS), o preço passou de R$ 82,00 para R$ 81,00. Em Rio Verde (GO), a cotação subiu de R$ 82,50 para R$ 84,00. 

  Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em janeiro apresentaram valorização de 0,98%, passando de US$ 8,89 ½ para US$ 8,98 ¼ por bushel. A proximidade de um acordo comercial entre China e Estados Unidos assegurou a recuperação dos preços, diante da perspectiva de retomada das compras chinesas de oleaginosa americana. 

 A iminência de um acordo de primeira fase nas negociações melhorou o sentimento em todo mercado financeiro. Com isso, o dólar se desvalorizou frente ao real, recuando 1,25% na semana a R$ 4,094 no fechamento da quinta. O comportamento do câmbio e o recuo nos prêmios nos portos brasileiros impediram uma melhora no ritmo da comercialização interna. 

 Produção

 Os produtores brasileiros de soja deverão colher 125,465 milhões de toneladas em 2019/20, com crescimento de 5,2% na comparação com o ano anterior, quando a safra ficou em 119,306 milhões de toneladas. A projeção faz parte do mais recente levantamento de SAFRAS & Mercado. 

 No relatório anterior, divulgado em outubro, SAFRAS apostava em produção de 125,754 milhões de toneladas. 

 SAFRAS trabalha com área de 37,032 milhões de hectares, com aumento de 1,8% sobre o ano anterior e batendo novo recorde. No ano passado, a área ocupou 36,384 milhões de hectares. A produtividade está estimada em 3.405 quilos por hectare, superando o rendimento médio de 3.296 quilos obtido no ano passado. 

 Segundo o analista de SAFRAS, Luiz Fernando Roque, foram feitos apenas alguns ajustes pontuais em estimativas de áreas e produtividades estaduais. “Apesar de haver registros de problemas devido ao clima irregular em alguns estados, ainda é cedo para se falar em perdas relevantes”, avalia Roque. 

 Foram feitos ajustes negativos pontuais nas produtividades médias esperadas para os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia. Em contrapartida, alguns estados tiveram suas estimativas de produtividades elevadas, caso de São Paulo e Minas Gerais. “Daqui para frente, se o clima for positivo, entendemos que os problemas serão superados”, disse. 

 Dylan Della Pasqua Agência SAFRAS