Primavera exige novo manejo agrícola em lavouras e plantações do RS

Boletim Trimestral do Conselho Permanente de Meteorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), referente aos meses de outubro, novembro e dezembro, indica possível redução da umidade atmosférica e de chuvas nas regiões Norte e Oeste do Estado. As temperaturas tendem a permanecer um pouco abaixo do padrão em algumas regiões do RS.

O documento destaca que, durante a primavera, é comum ocorrer aumento do vento, o que causa aumento considerável da evaporação. “Salientamos a importância de preservar as reservas naturais [de água], especialmente pela possível redução de chuva em alguns períodos”.

 

Culturas de inverno

Tendo em vista o prognóstico de chuvas dentro da média, a colheita das culturas de inverno deve ocorrer sem grandes problemas. Os produtores devem providenciar a revisão das colhedoras, em especial, do sistema de distribuição da palha.

Arroz

– Dar continuidade à adequação das áreas que ainda não estão prontas para a semeadura, principalmente em relação ao preparo, sistematização do solo e drenagem, para possibilitar a semeadura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, de forma a aproveitar as melhores condições de radiação solar e evitar as temperaturas baixas no período reprodutivo;

– Para as semeaduras até meados de outubro, quando a temperatura do solo é baixa, atentar para que a profundidade de semeadura não seja superior a 2 centímetros, a fim de evitar redução no estande de plantas e a consequente desuniformidade no estabelecimento inicial da cultura;

– Em áreas já semeadas, o produtor deve ficar atento às chuvas mais intensas, comuns no mês de outubro e, assim, priorizar a drenagem da área após a semeadura, evitando prejuízos no estabelecimento inicial da lavoura;

– Considerando a tendência de chuvas dentro do normal durante a primavera, recomenda-se que os produtores captem e armazenem água para a fase final da safra, pois existe o risco de estiagens curtas durante o verão.

Feijão

– Escalonar a época de semeadura e, se possível, utilizar mais de uma cultivar, respeitando o zoneamento agrícola;

– Fazer inoculação das sementes.

Milho

– Escalonar a semeadura para diminuir a possibilidade de coincidir o período crítico da cultura (do início da floração até grão leitoso) com as épocas de maior demanda evaporativa, pois há possibilidade de perdas de grãos em função da falta de chuvas no período crítico;

– Realizar a semeadura quando a temperatura do solo, a 5 centímetros de profundidade, estiver igual ou acima de 16°C.

Soja

– Planejar a semeadura de acordo com o zoneamento agrícola;

– Escalonar a época de semeadura da soja, usando cultivares de diferentes grupos de maturação para evitar eventuais perdas em função de deficiência hídrica no período crítico.

Fruticultura

– Em pomares onde ocorreu perda de frutos em função de geadas, adotar o manejo usual do dossel vegetativo em relação a podas e aplicações de defensivos químicos, a fim de assegurar a produção da safra seguinte;

– Atenção na conservação do solo, principalmente em pomares de encosta, preservando a cobertura verde da área para evitar perdas de solo por erosão e escorrimento superficial. Em locais/períodos de eventual ausência de precipitações pluviais, controlar a altura desta vegetação de cobertura para favorecer o balanço hídrico;

– Controlar o excesso de crescimento vegetativo das frutíferas, visando garantir maior sanidade e uniformidade de maturação dos frutos. Adotar uma adubação equilibrada (sem excesso de nitrogênio) e, em locais/períodos de maior precipitação pluvial, intensificar a poda verde para organização do dossel, com desbaste, desponte e desfolha, favorecendo aeração e insolação dos frutos;

– Seguir o manejo fitossanitário recomendado para a cultura, com a identificação correta do agente causal nos primeiros sintomas. Atenção nesta fase inicial do ciclo onde as brotações são mais suscetíveis, principalmente às doenças fúngicas.

Silvicultura

– Em povoamentos florestais deve ser evitada a adubação mineral ou orgânica com elevadas concentrações de nitrogênio;

– Para produção de mudas florestais a céu aberto, caso o viveirista tenha necessidade de aplicar fertilizantes, aumentar a relação potássio/nitrogênio da formulação mais indicada para cada espécie e estádio.

Forrageiras

– No manejo de plantas forrageiras, promover a manutenção da cobertura de solo e de boa disponibilidade de forragem, através de cargas animais moderadas;

– Escalonar os períodos de plantio/semeadura das forragens cultivadas no verão utilizando mudas/sementes de alto vigor;

– Indica-se fazer silagem de cultivos e pastagens de inverno/primavera, visando garantir maior disponibilidade de alimento no verão para as categorias de rebanhos mais exigentes.

Piscicultura

– Nesta época , os produtores de alevinos começam a esvaziar seus tanques e a transferir os reprodutores, e o manuseio dos peixes deve ser feito com muito cuidado, uma vez que o sistema imunológico dos animais após o inverno encontra-se debilitado, ainda sendo possível ocorrer infecções neste período;

– Os animais mortos e/ou moribundos, com sinais de doenças, devem ser eliminados dos tanques;

– Os produtores que irão comercializar alevinos e juvenis que passaram pelo inverno nos tanques de criação devem dar preferência àqueles que estiveram estocados em tanques que não tiveram problemas de qualidade de água durante o inverno;

– Estes peixes, por não estarem em condições ideais de criação, precisam de um período de recuperação em tanques com boa qualidade de água, recebendo ração balanceada para que recuperem sua condição de saúde antes de poderem ser comercializados.