O que o censo 2020 vai querer saber nas visitas às famílias brasileiras

Em agosto do ano que vem, cerca de 190 mil recenseadores do IBGE começarão a bater na porta dos 71 milhões de lares brasileiros para colher informações para o Censo. A pesquisa, a única que vai a todos os municípios e domicílios brasileiros, é um grande retrato da população e suas características. Ele busca responder a três perguntas: quem somos, quanto somos e como vivemos. As informações são do jornal O Globo.

Há dois questionários. O básico, com 25 questões e que será aplicado na maior parte dos lares, e o da amostra, com 76 questões, que será respondido por 10% das famílias brasileiras. De acordo com o diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios Neto, o questionário mais amplo leva cerca de 18 minutos para ser respondido. Já o menor, e que será respondido pela maioria da população, deve levar pouco mais de quatro minutos para ser preenchido.

A seleção dos domicílios para a amostra é aleatória e feita automaticamente, no computador de mão. Em todos os municípios famílias serão selecionadas para responder o questionário maior.

Só uma pessoa de cada lar responde às questões. Ele precisa dar informações sobre todos os moradores da casa para cada uma das perguntas. O recenseador registra as respostas em um smartphone adaptado.

Os dois questionários sofreram cortes em relação ao Censo anterior, feito em 2010. O questionário básico antes tinha 34 questões, agora terá 25, e o da amostra 102, e agora 76. A direção do instituto justificou que o enxugamento é para diminuir o tempo de coleta e melhorar a qualidade das respostas. As perguntas são dividas em blocos por tema. O Censo 2020 abrangerá 13 temáticas: características do domicílio, etnia e raça, nupcionalidade, núcleo familiar, fecundidade, religião, deficiência, migração, educação, deslocamento para estudo e trabalho, trabalho e rendimento e mortalidade.

Perguntas do questionário básico

– Lista de moradores: Quantidade de pessoas no domicílio; Quantidade de crianças de 0 a 9 anos no domicílio; Nome; Sexo; Data de nascimento/idade; Relação de parentesco; Características do domicílio; Forma de abastecimento de água; Forma que a água chega no domicílio (encanada ou não); Número de banheiros de uso exclusivo; Utilização de banheiro compartilhado, sanitário ou buraco para dejeções; Destino do esgoto; e Destino do lixo.

– Identificação étnico-racial: Cor ou raça; Etnia; Língua indígena; Fala língua portuguesa no domicílio; Você se considera Quilombola?; Nome da comunidade Quilombola?; e Registro em cartório.

– Educação: Sabe ler e escrever.

– Trabalho e Rendimento: Rendimento do responsável pelo domicílio.

– Mortalidade: Nome e sobrenome; Mês e ano de falecimento; Sexo; Idade ao falecer

O que saiu do Censo

O bloco de questões que permite mensurar a quantidade de brasileiros que deixam o Brasil para viver no exterior ficou fora da pesquisa. O questionário também perdeu questões referentes a tempo de deslocamento para estudo, estado civil, trabalho e rendimento, posse de bens e valor do aluguel.

Os cortes no questionário são alvo de críticas de integrantes do próprio corpo técnico do IBGE. Por meio do Núcleo Sindical do Chile (nome da rua onde fica um dos principais centros de pesquisa do instituto, no centro do Rio), eles argumentam que as ausências “trazem sérios prejuízos à produção de um conjunto de indicadores. Em especial, os cortes prejudicam as projeções e estimativas populacionais, impossibilitam a aferição do déficit habitacional por município e dificultam estudos de pobreza e desigualdade de renda”.