Atraso no plantio requer cuidados na cultura do arroz
A época de semeadura tem papel fundamental para proporcionar tetos de rendimento para a cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil. Neste ano, a cultura experimentou uma condição de plantio de extremos. Começou em um período de bastante calor ao final de agosto e início de setembro, e o que parecia uma primavera mais quente logo se transformou em excesso de chuva para o início de outubro e, posteriormente, o tempo ficou mais seco especialmente ao Sul do país.
De acordo com o engenheiro agrônomo da RiceTec, Cyrano Busato, a época de semeadura de praticamente metade da área de arroz é realizada no final da época ideal de plantio, mas uma boa parte dessas lavouras ainda estão terminando de se estabelecer com os tratos culturais devido à condição seca. “Sem falar que seca é condição de lagartas no inicio da cultura. Portanto experimentamos um ano de difícil estabelecimento, porém com indicativos de uma boa estação de cultivo, dado que em anos de La Niña se tem boas condições de floração e enchimento de grãos, o que pode proporcionar boas produtividades”, destaca.
Para Busato, nesta situação o produtor deve pensar em ser o mais eficiente possível no manejo e antecipar as operações, pois o desenvolvimento da cultura se dá de forma mais acelerada também, e é possível reduzir os períodos para aplicação de herbicidas, ureia e estabelecimento da irrigação. “Pode-se iniciar a aplicação de herbicidas no estágio V2-V3 de desenvolvimento da cultura e a aplicação de ureia e estabelecimento da lâmina da água logo em seguida, e preconizar por terminar de “calçar” a água da lavoura o mais rápido possível”, observa.
Neste processo, conforme o agrônomo da RiceTec, faz-se com que a cultura se desenvolva rapidamente e cumpra o ciclo vegetativo sem mais atrasos e ainda floresça em período com um boa duração do dia e boa intensidade de radiação solar. Além disso, há dados que mostram perdas de produtividade por atraso de água após estágio V2-V3 da ordem de um a dois sacos por dia de atraso. “Em épocas de semeaduras mais tardias, o desenvolvimento da planta é mais acelerado e estas perdas podem ser ainda maiores, portanto, o manejo assume um papel mais importante ainda”, salienta.
Busato afirma que o comprimento longo do dia e a forte radiação solar irão proporcionar um bom aproveitamento de nitrogênio, o que pode permitir aplicações de ureia mais moderadas ou menores do que as aplicações adotadas no início da primavera, porém deve-se considerar a textura de solo e expectativa de produtividade para definir a dose. Outra opção que se pode lançar mão em anos ou situações de semeadura tardia, de acordo com o agrônomo da RiceTec, é a adoção de cultivares e híbridos de ciclos curtos, pois diminui-se o risco de floração em época de maior frequência de ocorrência de frentes frias, o que aumenta consideravelmente após 10 de fevereiro. “Neste ponto é importante que os genótipos escolhidos tenham boa tolerância a Brusone, que torna-se mais agressiva em florações em épocas tardias”, ressalta.
Segundo Busato, o produtor precisa compor um mix de cultivares que escalone a floração das áreas no contexto geral da lavoura, pois mesmo em épocas tardes para a floração, podem haver períodos intercalados de boas condições e ausência de frentes frias e chuvas e que podem não interferir no potencial produtivo.
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective