Propaganda eleitoral começa nas ruas e redes sociais com Justiça em alerta contra notícias falsas

Com a finalização dos pedidos de registro de candidatura junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última segunda-feira (15), passa a ser permitida, a partir desta terça-feira (16), a propaganda eleitoral, inclusive na internet. Os candidatos precisam estar atentos ao que pode e o que não pode durante este período, que em alguns casos vai até o dia 29 de setembro, e em outros até a véspera do pleito, no dia 1º de outubro.

Especialistas apontam que um dos principais focos do TSE deve ser a divulgação de informações falsas (fake news), algo impedido pela legislação. Especialista em direito eleitoral e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) Rafael Carneiro ressalta que a desinformação deve ser algo a ser observado de perto nas eleições.

“A função da propaganda não é criar mentiras ou inverdades em relação ao adversário, mas, sim, convencer o eleitor de que ele é o melhor candidato para aquele cargo”, ressalta. Carneiro lembrou que em 2018 o uso de redes sociais foi algo ainda muito “inovador”, sem uma experiência da Justiça Eleitoral com o assunto. Depois das últimas eleições, o judiciário passou a se preocupar mais com os mecanismos de controle.

Em dezembro do ano passado, o TSE aprovou, por unanimidade, uma resolução da Corte relativa à propaganda eleitoral nas eleições deste ano. O texto usou como base uma resolução de 2019, mas incluiu uma série de aprimoramentos na área da propaganda na internet e por aplicativo de mensagens. O documento passou a prever, por exemplo, a punição a quem veicula informações falsas com o intuito de beneficiar candidatos ou partidos.

Membro e fundadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), a advogada eleitoral Andrea Costa diz que a divulgação de informações falsas é algo que causa problema há muito tempo. Agora, para ela, uma das inovações no pleito deste ano vem da lei que estabelece normas para o combate à violência política contra a mulher, aprovada no ano passado.

“As campanhas contra as mulheres sempre foram baseadas em adoção de práticas com calúnia, difamação, onde ataca a honra da mulher, usando fake news. Agora tudo isso é crime. É um dos maiores ganhos das mulheres na política”, afirma. Para ela, além disso, as eleições devem ter um foco na fiscalização de desinformação, uso de robôs para impulsionar conteúdos nas redes sociais e propaganda enganosa.

Andrea Costa lembra que o período de campanha é curto, com início nesta terça-feira e no fim de setembro. As propagandas eleitorais gratuitas de rádio e televisão começam no dia 26 de agosto e vão até o dia 29 de setembro.

A advogada alerta que os candidatos estejam atentos com informações falsas e com o impulsionamento de conteúdo nas redes sociais, algo que só pode ser feito pelos candidatos, partidos, federações ou coligações e nunca por terceiros.
Ela também afirma que é preciso ter atenção aos princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Segundo a advogada, é necessário que os candidatos tenham um canal de comunicação que explique para os eleitores sobre o compartilhamento de dados.  As informações devem estar claras, para que os eleitores também possam solicitar que os dados sejam excluídos dessas bases.

 

 

 

fonte R7