Por feriados, comercialização de soja perde ritmo no Brasil

O ritmo dos negócios com soja no Brasil, tanto para a temporada 2021 como para a nova, teve mais uma semana arrastada, com preços regionalizados. Os negociadores seguem retraídos, em meio ao mercado de clima nos Estados Unidos. Os feriados na segunda nos Estados Unidos e quinta no Brasil prejudicaram ainda mais os negócios.

A comercialização da safra 2020/21 de soja do Brasil envolve 75,6% da produção projetada, conforme relatório de SAFRAS & Mercado, com dados recolhidos até 4 de junho. No relatório anterior, com dados de 7 de maio, o número era de 71,4%.

Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 88,7% e a média de cinco anos para o período é de 71,5%. Levando-se em conta uma safra estimada em 137,19 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 103,74 milhões de toneladas.

No período, a comercialização evoluiu pouco e, com isso, o total negociado da safra 20/21 ficou abaixo do percentual de igual período do ano passado. Mas seguem acima da média para o período, devido à elevação consistente dos preços.

As vendas antecipadas da safra 2021/22 estão atrasadas na comparação com o ano passado, mas acima da média de cinco anos. Levando-se em conta uma safra hipotética mínima para a temporada – igual a do ano anterior -, SAFRAS estima uma comercialização antecipada de 19,2%, envolvendo 26,29 milhões de toneladas.

Em igual período do ano passado, o número era de 35,6% e a média dos últimos cinco anos é de 14%. A primeira estimativa para a safra brasileira 2021/22 será divulgada em julho por SAFRAS & Mercado.

Área nos EUA

As atuais estimativas para a área plantada de soja e de milho nos Estados Unidos em 2021, divulgada em março pelo Departamento de Agricultura norte-americano, o USDA, deverão ser revisadas para cima. “Eu ficaria muito surpreso se estes números não fossem elevados no levantamento de junho”, avaliou o economista da Universidade de Illinois, Scott Irwin, que concedeu entrevista coletiva virtual hoje para jornalistas brasileiros.

No final de março, o USDA divulgou o seu tão esperado relatório de Intenção de Plantio, com números que surpreenderam o mercado ao ficarem abaixo da estimativa, provocando forte elevação nos contratos futuros negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT). Na ocasião, o Departamento apontou área a ser plantada de 91,444 milhões de acres para o milho e de 87,6 milhões de acres para a soja.

Irwin, que também é diretor do Farmdoc, instituto da Universidade responsável pelas análises do mercado agrícola norte-americano, e seu colega Gary Schnitkey, também economista da área e professor da Universidade, concordam na perspectiva de aumento na projeção. Recente artigo divulgado pelo Farmdoc aponta um aumento de 500 mil acres para o milho, cobrindo cerca de 92 milhões de acres, e de 1 milhão para a soja, totalizando 88,6 milhões de acres.

O USDA vai divulgar novos números no dia 30 de junho, data em que libera ao mercado o relatório de área plantada.

As lavouras americanas de soja e milho estão em fase final de plantio. Até 30 de maio, segundo o USDA, a semeadura era de 84%, acima da média para o período de 67%. Em relação ao milho, o plantio ocupa 95%, superando a média de 87% para os últimos cinco anos. Do total para o cereal, 76% das lavouras estão em boas a excelentes condições.

Agência SAFRAS