Auxílio emergencial não paga nem um terço do valor da comida básica

A nova rodada de auxílio emergencial, que será paga aos brasileiros vulneráveis a partir de abril, está muito distante de atender as necessidades básicas de alimentação e de consumo de itens de higiene pessoal e limpeza da casa de uma família. O quadro é crítico, especialmente na pandemia, quando cuidado com limpeza deve ser redobrado.

No mês passado, o custo da cesta básica na capital paulista para uma família de quatro pessoas ficou em R$ 1.014,63, segundo levantamento da Fundação Procon de São Paulo feito em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Houve até um pequeno recuo do valor em relação a janeiro, de 0,11%, por causa dos produtos de limpeza. Eles ficaram, em média, 3,5% mais baratos, com a queda de quase 6% no preço do sabão em pó.

Mesmo assim, o valor da cesta básica está muito mais próximo do salário mínimo, hoje em R$ 1.100, do que do novo auxílio emergencial. O novo benefício vai de R$ 150 mensais, para famílias de uma pessoa só, a R$ 375, no caso de mulheres que são as únicas provedoras da casa. Na média, o novo auxílio será de R$ 250 por família.

Só o desembolso com alimentos básicos, como arroz, feijão, carne e outros 25 itens que entram na composição da cesta de comida, atingiu R$ 893,56 em fevereiro. Foi praticamente a mesma cifra do mês anterior.

Famílias com a mulher como única provedora e que vão receber R$ 375 conseguem comprar 40% da cesta de alimentos. Isso corresponde a uma compra de supermercado bem enxuta, só com arroz, feijão, óleo de soja, alho, cebola e carne de segunda para preparar a principal refeição do dia. E um café da manhã com café, açúcar, pão com margarina, mas sem leite, alimento fundamental para mães com crianças pequenas.

Para a média das famílias que terão um benefício de R$ 250, os recursos serão suficientes apenas para bancar menos de um terço da despesa com alimentação básica – 27,97%. Isto é, essa quantia é suficiente para cobrir os gastos para compra de arroz, feijão, óleo, cebola, alho e carne de segunda para o preparo da principal refeição do dia. Mas não sobra dinheiro para os alimentos do café da manhã.

Só limpeza

As famílias que vão embolsar um auxílio de R$ 150 terão dinheiro apenas para fazer frente às despesas com as cestas de higiene pessoal (R$ 76,26) e limpeza da casa (R$ 46,81). Com o troco R$ 28,93, será possível comprar um pacote de 5 quilos de arroz (R$ 23,34) e menos de 1 quilo de feijão carioquinha (R$ 6,78).

“A situação é preocupante, é de pauperização da sociedade”, afirma Marcos Pujol, diretor da Escola de Proteção e Defesa do Consumidor da Fundação Procon-SP. Ele argumenta que o quadro fica ainda mais complicado para a população manter o consumo de itens básicos, diante dos aumentos de preços da comida e também de outros itens que estão fora da cesta básica. “O aluguel está subindo e as famílias têm gastos com material escolar e outros produtos e serviços básicos que estão fora da cesta.”

 

 

fonte CNNBrasil