Com perdas de 20% no agronegócio devido a estiagem, Prefeitura de Cachoeira irá decretar emergência

Reunidos nesta  quinta-feira (9), no Museu Municipal, mais de 30 representantes de produtores rurais, de instituições ligadas ao agronegócio e à agricultura familiar, de entidades, empresas e órgãos públicos chegaram à definição de que é necessária a decretação de situação de emergência em função da falta de chuvas em Cachoeira do Sul. Para que seja decretado, é necessário que a Defesa Civil do Município tenha em mãos os dados de danos humanos (fornecido pela Secretaria Municipal de Trabalho e Ação Social), de danos ambientais (fornecido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente) e de perdas econômicas (com dados do IRGA e Emater). Assim que estes relatórios estiverem com a Defesa Civil, esses dados são transferidos para o Formulário de Informações do Desastre (FIDE) dentro do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). “De minha parte, vamos fazer esse decreto o quanto antes”, declarou o prefeito Sergio Ghignatti, presente na reunião.

Perdas na agropecuária preocupam – As perdas na produção agropecuária em Cachoeira do Sul já preocupam produtores, bancos e demais envolvidos com o setor. Na cultura do arroz, que também sofreu com o excesso de chuva que causou atraso na semeadura e replantio, as perdas estimadas são de 20%, com produção entre 6 mil e 6.500 sacas por hectare. Além da queda na produtividade, o aumento do custo na produção é outro fator importante, pois muitos produtores estão investindo em mais bombas para irrigação e tendo mais custos com energia elétrica. Há informação de lavouras sem água para irrigação, como na região do Botucaraí, e outros locais, ribeirinhos ao Jacuí, onde os produtores estão com dificuldade para utilizar a água do Rio, que está em torno de 4 metros abaixo do nível normal. Na região da Porteira 7, há relatos de lavouras onde não chove há 60 dias. Representantes de instituições bancárias presentes na reunião informaram que já há pedidos de seguro agrícola e PROAGRO por parte de produtores e busca constante por informações a respeito dos seguros.

A cultura da soja, com área plantada de 102 mil e 500 hectares no Município, também sofre com a estiagem. O agravante neste caso é o atraso no plantio, que deveria ter ocorrido até meados de novembro, e não pôde ser feito em razão do excesso de chuvas. Para a soja, hoje, estima-se uma perda entre 20% e 25% da produtividade, o que significa em torno de 90 milhões de reais. Ainda há a informação de que 1.600 hectares não foram plantados e 4 mil hectares necessitam de replantio. A expectativa de colheita, analisando a situação atual, é de 38,5 sacas por hectare.

A cultura que mais apresenta perdas é a do milho, com queda de 60 a 70% na produtividade. O impacto só não é mais alarmante porque a área plantada no Município não é tão grande – cerca de 3 mil hectares. O milho de silagem, plantado fora de pivô de irrigação, utilizado na pecuária de leite e de corte, tem uma expectativa de produção de 40 toneladas/hectares. “Se colhermos 10 por hectare, é muito”, declarou um dos participantes na reunião. As perdas no milho refletem diretamente na pecuária, onde o prejuízo é difícil de estimar, pois os reflexos aparecerão a longo prazo, com necessidade de investimento em suplementação – para compensar a falta de pasto e silagem – e com a queda nos índices de reprodução das matrizes.

Entrega de água potável para as famílias – Em função da estiagem, algumas famílias cachoeirenses se encontram sem água potável para consumo, fazendo com que a Secretaria de Agricultura e Pecuária precise distribuir através do caminhão. Em dezembro, a SMAP realizou 31 entregas, abastecendo 812 pessoas com 126 mil e 200 litros de água. Destas entregas, duas foram realizadas na Vila Vargas, onde são 180 residências. Já neste mês de janeiro, até ontem (8), já haviam sido entregues 58 mil e 500 litros de água em 9 entregas, atendendo 229 pessoas.