Especialistas debatem ações para enfrentar avanço da febre amarela no Estado

O Brasil passa hoje pelo maior surto de febre amarela já registrado. Mesmo que o Rio Grande do Sul ainda não tenha tido casos confirmados, diversas ações buscam preparar a assistência e vigilância para a possível reintrodução da doença no Estado. Por isso, nesta sexta-feira (25/10) o assunto foi tema de evento promovido pela Faculdade de Infectologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em parceria com a Secretaria da Saúde (SES) por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs).

A capacitação contou com a presença do médico Rafael Galliez, do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS) do Rio de Janeiro. O profissional destacou o que considera o maior desafio para a organização da assistência médica. “A febre amarela é uma doença que ocorre em áreas de mata, onde o acesso do paciente aos serviços de saúde é dificultado pelas distâncias”, disse. O médico destaca essa situação como o principal motivo para a qualificação da rede assistencial. Com equipes preparadas, os profissionais conseguem rapidamente identificar os casos suspeitos e indicar o tratamento.

A chefe da Divisão Epidemiológica do Cevs, Tani Ranieri, que também foi painelista do evento da UFCSPA, descreveu as principais ações já realizadas no Estado. Uma delas foi a visitação casa a casa em áreas rurais de 17 cidades das regiões mais propensas à chegada da doença. Essa estratégia ainda está em andamento e abrangerá outros municípios próximos a Santa Catarina buscando fazer com esses residentes sejam uma rede de vigilância.

Sintomas da doença

Os primeiros sintomas da febre amarela são início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas e no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Depois de identificar alguns desses sintomas, procure um médico na unidade de saúde mais próxima e informe sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas, e se você observou mortandade de macacos próximo aos lugares que você visitou, assim como picadas de mosquito. Informe, ainda, se você tomou a vacina contra a febre amarela, e a data.

Situação no RS

Desde 2017, o estado de São Paulo passou a apresentar casos de febre amarela. Na sequência, o vírus se propagou para o Paraná e, por último, Santa Catarina, sempre pela área rural. No Rio Grande do Sul não são identificados casos transmitidos dentro do Estado desde 2009. Conforme o Ministério da Saúde, já foram confirmados no país, neste ano, 85 casos em humanos, dos quais 15 resultaram em óbitos.

As áreas mais suscetíveis para o retorno da doença ao Estado são o norte, a Serra e o Litoral Norte, em virtude da divisa com Santa Catarina e onde há a presença de áreas silvestres de mata.