Cachoeirense, membro da Academia Brasileira de Música, morre no Rio de Janeiro

Faleceu no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, onde estava radicado há vários anos, o músico Flavio Vieira da Cunha Silva, nascido em  1939, em Cachoeira do Sul,  filho de Silvio e Gemina Vieira da Cunha. Os estudos de piano, iniciados com uma tia, foram continuados em Porto Alegre, com Milton Lemos e Natho Henn. Frequentou os cursos internacionais de férias de Teresópolis e mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, passando a estudar com Hans Graff, Alda Caminha e Homero Magalhães, além de fazer estudos gerais com Esther Scliar e Guerra-Peixe. Em 1960, ingressou na embaixada da França como discotecário e foi aprovado para o curso de filosofia da Faculdade Nacional de Filosofia. Durante dois anos, foi redator de programas da Orquestra Sinfônica Brasileira.

 

Em 1968, obteve bolsa para estudos de musicologia em Paris, tendo se dedicado, sobretudo, à etnomusicologia, com Jacques Chailley, Tran Van Khê, Simha Arom, Claude Laloum, Émile Leipp e Claudie Marcel-Dubois, sob cuja orientação e, com apoio de Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, preparou a memória Origines de la samba urbaine a Rio de Janeiro, só concluída em 1974, após voltar ao Brasil e fazer intensa pesquisa em cerca de 2.500 periódicos cariocas publicados, sobretudo, entre 1916 e 1918.

 

Em 1977, ingressou na Funarte, como funcionário do então Instituto Nacional de Música, onde exerceu as mais diversas funções envolvendo divulgação e organização musical no Brasil e ocupou vários cargos, inclusive o de diretor do atual Centro da Música, do qual é coordenador de música erudita. Coube-lhe organizar diversas edições das Bienais de Música Brasileira Contemporânea. Organizou livro sobre Camargo Guarnieri, com estudos de vários especialistas, aos quais acrescentou textos seus. Participou da edição de outros livros sobre música pela Funarte, e de gravações de música brasileira.

 

Foi bolsista da Fundação Vitae e recebeu da Academia Brasileira de Música o segundo lugar em concurso de monografias, com estudo sobre relações entre músicas clássicas e populares no Brasil entre 1920 e 1950, mediadas, em especial, pela influência do disco e do rádio. As pesquisas envolvidas por esses trabalhos levaram-no a encontrar gravações esquecidas de coros escolares cariocas, gravadas em discos em 1940, e que motivaram um dos artigos que publicou na Revista Brasiliana. Ainda para a ABM, organizou o catálogo de obras de Francisco Mignone. Tem diversos estudos em andamento e participa com frequência, como palestrante, conferencista e debatedor, de eventos científicos na área da musicologia e da cultura brasileira.

 

Eleito para a Academia Brasileira de Música a 11 de fevereiro de 2008, foi empossado a 15 de março do mesmo ano. Teve dois filhos, e era casado com a pianista, também acadêmica, Lais de Souza Brasil. A o velório e cremação foi realizado nesta quarta-feira, no Crematório e Cemitério da Penitência no Caju.

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