A conta de energia elétrica subiu 50% mais do que a inflação nos últimos 23 anos no Brasil

A conta de luz pesa cada vez mais no orçamento da família brasileira. Estudo realizado pelo Instituto Ilumina mostra que o reajuste da tarifa média residencial foi 50% maior do que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) entre 1995 e 2017. O impacto foi ainda maior para as pequenas indústrias. Neste caso, o reajuste ficou 130% acima da inflação.

“Temos o quinto MWh (megawatt/hora) mais caro do mundo. Por aqui o custo médio é de 267,38 dólares”, diz o diretor do Ilumina, Roberto D’Araújo. “A inflação acumulada de 1995 até 2017 foi 299% enquanto que o megawatt da tarifa residencial subiu 499%. No caso do setor industrial, a alta foi de 823%”, complementa.

De acordo com o levantamento feito com 30 países, a tarifa nacional só é mais barata que a da Alemanha (329,71 dólares por MWh), Bélgica (289,07 dólares), Itália (276,08 dólares) e Espanha (269,08 dólares). Entre as nações que fizeram parte da pesquisa, o México tem o menor preço – o MWh sai por 63,74 dólares. “A quantidade de encargos é enorme e isso tem reflexo no custo da energia”, avalia o representante do instituto de desenvolvimento estratégico do setor energético.

A opinião é compartilhada pelo diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Donizete Rufino. “Vários itens compõem a formação de preço, sendo que os encargos tiveram um aumento substancial de 2001 – quando as concessionárias começaram a adotar a mesma metodologia para definir os valores – para cá”, diz Rufino.

De acordo com levantamento feito pela agência, em 2001 os encargos representavam 7% do custo da tarifa. No ano passado, passaram a responder por uma parcela de 17%.

Para ele, no entanto, desde 2001 os reajustes têm sido bem próximos à inflação. “Sempre que deliberamos no processo tarifário, levamos em consideração o IGP-M (Índice Geral de Preço – Mercado) do período. Mas a realidade era outra antes desse novo modelo elétrico”, destaca.