Déficit histórico: governo Lula deve fechar mandato com maior rombo fiscal pós-Plano Real - Fandango 102.5 FM

Déficit histórico: governo Lula deve fechar mandato com maior rombo fiscal pós-Plano Real

Brasília — O terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caminha para terminar com o maior déficit acumulado das contas públicas desde a implantação do Plano Real, em 1994, segundo projeções de instituições independentes, dados oficiais do Tesouro Nacional e estimativas do mercado. O resultado reflete a combinação de expansão de gastos, recomposição de políticas sociais, frustração de receitas e mudanças nas regras fiscais ao longo do período.

De acordo com números do Tesouro, o resultado primário — que mede receitas menos despesas, sem contar juros — voltou ao vermelho em 2023 e permaneceu pressionado em 2024 e 2025. As projeções para 2026 indicam dificuldade para cumprir as metas do novo arcabouço fiscal, mesmo com contingenciamentos e medidas de arrecadação propostas pelo governo.

Entre os principais fatores que explicam o rombo estão a retomada de programas sociais em maior escala, reajustes salariais no funcionalismo, aumento de investimentos públicos e o crescimento das despesas obrigatórias, como Previdência e benefícios assistenciais. Do lado das receitas, a desaceleração econômica em alguns momentos do período, além de desonerações herdadas e disputas no Congresso sobre aumento de impostos, limitaram a recomposição do caixa.

O governo sustenta que o déficit é consequência de um esforço para reconstruir políticas públicas após anos de restrições e de choques externos recentes, como a pandemia e eventos climáticos extremos. A equipe econômica afirma que o novo arcabouço fiscal, aprovado em 2023, cria previsibilidade para a trajetória da dívida e que medidas de aumento de arrecadação — como mudanças na tributação de fundos exclusivos, apostas on-line e incentivos fiscais — ajudarão a reequilibrar as contas.

Analistas, porém, alertam que o ritmo de crescimento das despesas continua acima do desejável e que a dívida pública bruta pode se manter em trajetória ascendente se não houver ajustes adicionais. “O desafio é estrutural: sem reformas que contenham o avanço das despesas obrigatórias, o espaço para investimentos e políticas anticíclicas fica cada vez menor”, avalia um economista ouvido pela reportagem.

No Congresso, a discussão fiscal permanece sensível. Parte dos parlamentares resiste a novos tributos e cobra corte de gastos; aliados do governo defendem a preservação de programas sociais e investimentos. O embate tende a se intensificar à medida que o mandato se aproxima do fim e o calendário eleitoral de 2026 ganha força.

Com isso, Lula deve encerrar o mandato sob o peso de um déficit histórico no período pós-Plano Real, deixando para o próximo governo a tarefa de conciliar crescimento econômico, responsabilidade fiscal e manutenção das políticas sociais.

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