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Pediatra alerta para risco de retorno da poliomielite diante da baixa cobertura vacinal

No Dia Mundial da Poliomielite, celebrado em 24 de outubro, a médica Luíza Ruschel Pitrez, pediatra da Afya Educação Médica de Porto Alegre, faz um alerta: o Brasil vive o momento de menor cobertura vacinal contra a poliomielite das últimas décadas, com índices em torno de 70%, bem abaixo dos 95% necessários para garantir a proteção coletiva e evitar o retorno da doença.

No Estado do Rio Grande do Sul, o cenário é um pouco melhor que a média nacional, mas ainda aquém do ideal: em uma recente campanha estadual, registraram-se 78,07% de cobertura vacinal.

“A poliomielite é causada pelo poliovírus, que habita o intestino humano e pode ser transmitido principalmente por via fecal-oral, ou seja, através do contato com fezes contaminadas que atingem o solo, a água, alimentos ou superfícies”, explica a médica, que complementa que mesmo pessoas sem sintomas podem eliminar o vírus e contribuir para a disseminação.

A doença, também conhecida como paralisia infantil, teve seu último caso registrado no Brasil em 1989. Desde então, o país manteve-se livre da poliomielite, mas o aumento de focos em países vizinhos e o declínio na adesão às vacinas colocam o Brasil — e por consequência o Rio Grande do Sul — em alerta para risco de reintrodução.

Os sintomas iniciais são muitas vezes inespecíficos e podem se confundir com os de uma gripe comum: febre, dor de garganta, constipação ou diarreia e dores no corpo. Em casos mais graves, o vírus atinge o sistema nervoso central, provocando paralisias permanentes, especialmente nos membros inferiores. Entre as sequelas estão atrofia muscular, dificuldade de fala ou deglutição, pé torto, dores articulares e até osteoporose.

“Não há tratamento específico para a poliomielite — apenas medidas de suporte e reabilitação com fisioterapia, conforme as sequelas”, ressalta a pediatra da Afya Porto Alegre. “Por isso, a única forma eficaz de prevenção é a vacinação.”

Esquema vacinal

Desde 2024, o esquema vacinal contra a poliomielite passou por mudanças: a tradicional “gotinha” (vacina oral) foi substituída pela vacina injetável inativada (VIP), aplicada aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses.

No Rio Grande do Sul, em 2023 houve avanço: a aplicação de vacina inativada contra poliomielite chegou a 88,16% conforme dados preliminares, segundo o Ministério da Saúde.

Além da imunização, a pediatra reforça que medidas de saneamento básico, higiene das mãos e consumo de água tratada continuam fundamentais para evitar a transmissão.

“A baixa adesão às vacinas compromete décadas de avanço da saúde pública e coloca em risco crianças que nunca conviveram com as graves sequelas da poliomielite. Precisamos recuperar a confiança na vacinação e reforçar a importância da imunização como um ato de proteção coletiva”, conclui a especialista.

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