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Fórum Democrático leva Sustentabilidade para o centro do debate em Santa Maria

O 5º Seminário Regional do Fórum Democrático da Assembleia Legislativa do RS foi realizado no Centro do Estado, em Santa Maria, no auditório Wilson Aita do Centro de Tecnologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), na manhã desta segunda-feira (11). A atividade reuniu lideranças estudantis, sindicais, empresariais, de classe e movimentos sociais, além do público em geral da Região Funcional RF8 (Central, Alto Jacuí, Jacuí Centro e Vale do Jaguari) do Estado. A abertura cultural foi realizada pela artista da região, a cantora Paola Matos, que encantou a todos com o repertório autoral e de clássicos da MPB. A mesa do evento contou com a presença de autoridades, dirigentes e lideranças da região como o prefeito de Santa Maria, Rodrigo Décimo, e o reitor da UFSM, Luciano Schuch.

Para apontar as suas necessidades em torno da sustentabilidade, os participantes acompanharam os painéis temáticos, que se iniciaram com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Pepe Vargas (PT), apresentando o conceito de sua gestão (2025-2026) à frente do parlamento gaúcho “Pacto RS 25 – O crescimento sustentável é agora”. Pepe Vargas destacou que o objetivo dos seminários regionais é ouvir as comunidades, uma vez que cada região do RS tem características econômicas e sociais distintas. Após um breve histórico sobre o Fórum Democrático, Pepe Vargas mencionou que a sua escolha do tema da sustentabilidade diz respeito aos eventos climáticos extremos mas também refere-se à perda relativa de relevância econômica do RS no contexto nacional. “Somos um estado que tem muitos desafios para crescer tanto dos pontos de vista climático e econômico, quanto populacional, pois estamos vivendo um processo de envelhecimento de nosso contingente”.

Lembrou que os principais segmentos econômicos locais estão nos produtos em grãos, na pecuária, na indústria e nos serviços. Segundo o presidente, a pecuária necessita melhorar o seu processo de conservação dos solos para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. Para isso, precisamos promover a transição energética justa. “Há linhas de crédito subsidiadas para os processos de transição e isso trará mais competitividade ao setor”, assinalou. Disse ainda que o Brasil é um dos principais países com matriz energética limpa e o RS precisa repensar os seus sistemas produtivos para colaborar de forma sustentável para aumentar a geração de renda. “O novo normal do clima está posto e o nosso desafio é promover a adaptação que consiga levar ao desenvolvimento e ao respeito ambiental”, finalizou.

Natural da cidade, o deputado Valdeci Oliveira (PT) lembrou a importância da discussão de temas locais relacionados á infraestrutura como a travessia urbana, o novo aeroporto, o porto seco e a ferrovia, além da licitação da BR 392, que fará a ligação entre a cidade e a região das Missões, em Santo Ângelo. Destacou também a agricultura, com a distribuição de alimentos orgânicos da economia familiar para o Hospital Universitário (HUSM), e a duplicação da rodovia RS-287 e as ligações dos municípios da Quarta Colônia.

Representante do Corede Central, a médica veterinária Regina Helena Santarém Hernandes, mencionou a necessidade de diversificação da matriz produtiva da região, que está sustentada basicamente na pecuária. Já o reitor da UFSM, Luciano Schuch, mencionou que é papel da universidade diversificar a economia e o modelo de desenvolvimento do estado. “Estar na universidade é promover atitudes e práticas a partir de projetos e estudos para desenvolver a região”, acentuou.

Plataforma Digital

Na sequência da programação, o coordenador do Fórum Democrático, Ronaldo Zulke, destacou que é necessário repensar as práticas para o desenvolvimento do RS, gerar renda e empregos, considerando a gestão ambiental das novas condições climáticas. “O desafio é encontrar o ponto de equilíbrio entre crescimento econômico e preservação ambiental”. Lembrou também que as proposições apresentadas no Fórum Democrático serão encaminhadas à Cop30, aos executivos e aos legislativos. E as escolhas dessas propostas é feita pelas regiões. Já a assessora do Fórum Democrático, Fernanda Corezola, apresentou as funcionalidades da Plataforma Digital de Participação Popular @gov.br/pactors25. “É uma forma de viabilizar a participação de todos os gaúchos, seja por meio das votações ou da apresentação de propostas, observou.

Conferências

As conferências, mediadas pela jornalista Rosane de Oliveira, contaram com a presença de especialistas e pesquisadores, que trataram sobre reconstrução, logística, desenvolvimento econômico, economia popular e perspectivas para o desenvolvimento econômico e sustentável da região. A professora Ana Rovedder, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Área Degradada, abriu o seminário com o tema “O Potencial da Restauração Ecológica e Produtiva para o Desenvolvimento Regional e Reconstrução da Resiliência Climática”.

Roveder observou que, apesar de o Brasil ser referência mundial em restauração ecológica de ecossistemas, o tema ainda é considerado tabu por setores da sociedade. Ao apresentar imagens de áreas verdades e rios da região, antes e depois da enchente, a pesquisadora enfatizou que a restauração é um dos principais elos do desenvolvimento sustentável. Mencionou também que é premissa estadual implantar o Programa de Adequação Ambiental para se candidatar ao Plano Clima e ao PlanaVeg, Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. “ O RS está entre os únicos cinco estados que ainda não elaboraram os seus programas”, observou.

“O Desenvolvimento Econômico com Sustentabilidade” foi a abordagem de Daniel Arruda Coronel, professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM. A partir de uma progressão histórica da evolução econômica brasileira, mencionou que, atualmente, a inflação está sob controle, apesar dos problemas pontuais de quebra de safras em decorrência das crises climáticas. “Precisamos de crescimento com justiça social. Nos últimos anos, aumentamos a dívida pública e o Brasil não se torna atrativo aos investimentos”. Segundo ele, também o RS teve aumento da sua dívida com um refinanciamento a juros altos. Comentou ainda que a indústria é um dos setores que mais necessitam de apoio governamental, pois vem perdendo participação no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. “Crescer com justiça social é investir em ciência, tecnologia e educação de qualidade”, resumiu.

“Hub Titan: A Logística como Elemento de Integração Regional” foi o destaque de Evandro Behr, superintendente da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria, ao lembrar que a cidade está equidistante 350km de qualquer região do estado, que é o índice ideal para o modal rodoviário. Tal posição geográfica permitiria maior conectividade e alcance para transportar mercadorias com eficiência por meio dos quatro modais logísticos ( rodovias, ferrovias, aéreo e também por mar). Segundo ele, esse modelo de infraestrutura poderia favorecer inclusive, a Metade Sul do Estado, que apresenta tradicional declínio econômico. “Os requisitos para se pensar no crescimento de 500% no PIB da malha sul são: o valor de R$348mil para o projeto, incrementar as rodovias 287, 158 e 392, o aeroporto e a ligação ferroviária da malha sul”, finalizou.

A abordagem sobre “Economia Popular” foi desenvolvida por José Carlos Peranconi, coordenador do Projeto Esperança (CooEsperança) e por Cláudio Cunha, engenheiro agrônomo, extensionista da EMATER. Peranconi recuperou a origem do projeto Cooesperança, iniciativa da Arquidiocese de Santa Maria, idealizada por Dom Ivo Lorscheiter em 1987, com o objetivo de organizar pequenos grupos rurais para levar alimento direto ao consumidor. Cunha, por sua vez, detalhou a economia solidária e a extensão rural. Mencionou que a agricultura no Estado apresenta como problemas centrais o envelhecimento rural, a baixa sucessão familiar e a vulnerabilidade climática. Conforme ele, os princípios do cooperativismo como uma experiência “aprendente e ensinante”, onde todos aprendem e ensinam uns com os outros para se construir um futuro mais justo e solidário. Ao final do painel, Rosane de Oliveira solicitou uma salva de palmas à irmã Lourdes Dill, religiosa da Congregação das Filhas do Amor Divino, e liderança do Projeto Esperança.

A doutora em Desenvolvimento Rural UFRGS e professora da Unicruz, Cláudia Maria Prudêncio de Mera, tratou sobre “Perspectiva para Desenvolvimento Regional em Sustentabilidade”. Ela apresentou aspectos positivos e negativos da região Alto do Jacuí, no entorno de Cruz Alta. Destacou como pontos fortes o agro serviço, a localização geográfica, a educação, a tecnologia e o turismo (Rota das Terras Encantadas). Entre os problemas, estariam a ausência de identidade dos municípios, a pouca diversidade agrícola, a falta de mão de obra qualificada, aumento na criminalidade e a ampliação do hospital São Vicente de Paulo e de rodovias.

Ao final dos painéis, foi promovida a participação da plateia com debate em plenário e apresentação de propostas. Entre os assuntos, surgiram temas como o impacto do uso e da deriva de agrotóxicos hormonais e do glifosato na agricultura.

Com informações de Erenice de Oliveira, da assessoria do Fórum Democrático

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