Boate Kiss: 8 anos de impunidade

Símbolo da maior tragédia da história recente do Rio Grande do Sul, o corrido em 27 de janeiro de 2013 a fachada da boate Kiss, em Santa Maria, recebe, nesta semana, um novo mural. Em letras garrafais sob fundo preto, lê-se agora “Kiss, oito anos de impunidade”.

Pintada pelo muralista Deivison Lima, conhecido como DS Lima, a obra é uma forma de não deixar que o caso seja esquecido. Lima atua como voluntário e não é a primeira vez que empresta sua arte à causa: desde 2013, o artista vem traduzindo em cores e formas os sentimentos de indignação e tristeza que acompanham as famílias.

—É o único trabalho que eu faço e que todo ano gostaria que fosse pela última vez. Infelizmente, é preciso seguir exigindo justiça, e a arte também é uma forma de luta — diz Lima.

À frente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, Flávio Silva concorda e faz um desabafo:

— Não podemos jamais esquecer dos nossos filhos.

Neste ano, devido à covid os atos organizados em memória dos 242 jovens mortos serão virtuais. Conforme Silva, a associação está preparando uma programação via live (transmissão ao vivo via internet) e, por questões sanitárias, não incentivará aglomerações diante do que restou da casa noturna. Nos anos anteriores, o local recebeu vigílias e manifestações.

Previsto para ocorrer em Porto Alegre,  o júri dos quatro réus no processo criminal que apura as circunstâncias do incêndio ainda não tem data definida.

 

fonte Gaúcha/ZH