Emissoras de Rádio e TV do Rio Grande do Sul, doaram R$ 144 milhões em mídia social

Nesta quinta-feira, 26, a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT) apresentou a autoridades – dentre elas o governador do Estado, Eduardo Leite e o vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, a 17ª edição do Relatório Social, material que apresenta os dados de mídia doada pelos radiodifusores associados ao longo de 2019.

Com a edição foi registrado o valor de R$ 144.649.176,26 milhões, doados por 225 emissoras para divulgação de ações sociais. Além dos dados e de cases na divulgação de ações sociais, a revista aborda o tema “A violência contra a mulher e o papel da mídia no combate ao feminicídio”, com entrevistas e reportagem especial. A AGERT conta hoje com 307 emissoras associadas e, desde 2004 – ano em que teve início o projeto do Relatório Social -, conta com engajamento cada vez mais intenso das emissoras.

Na reunião virtual, transmitida ao vivo pelo Facebook da entidade, o presidente da AGERT, Roberto Cervo Melão, exaltou o trabalho de fôlego desta edição, que mais uma vez demonstra a força das emissoras junto às comunidades em que estão inseridas. O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), Flávio Lara Resende, destacou: “os números deste relatório são superlativos e comprovam a importância do associativismo. Imbuídas no espírito de solidariedade, as emissoras associadas doam parte de sua grade em prol de divulgações de ações sociais e, assim, cumprem com excelência a missão de bem informar”.

Em seguida, a vice-presidente de Capacitação da AGERT e coordenadora do projeto, Myrna Proença, apresentou os números do Relatório e propôs uma profunda reflexão sobre o papel dos comunicadores frente à violência contra as mulheres. Myrna ainda destacou o crescimento histórico de participação das emissoras associadas no Relatório Social. Sobre a temática escolhida, ressaltou: “esse relatório é quase um manual para que as emissoras trabalhem a pauta em suas comunidades, em parceria com a Polícia Civil e outras autoridades. Estimular que as pessoas denunciem este crime. Podemos iniciar um grande movimento de mudança em nosso estado, a partir da discussão dessa pauta. A radiodifusão tem um poder extraordinário e nesta edição estão compiladas informações e análises importantes”.

A chefe de Polícia do Estado, Nadine Anflor, enfatizou a importância de abordar o tema: “tratar do feminicídio não depende apenas das forças de segurança, mas de toda a sociedade e especialmente dos veículos de comunicação”. Ela afirmou que hoje o RS conta com 23 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e que todos os profissionais das demais delegacias do estado estão sendo treinados para bem acolher as mulheres. “Criamos o projeto Sala das Margaridas, um espaço em cada delegacia – que não o balcão de atendimento – que visa dar o respeito e a proteção que as vítimas. Hoje temos 22, mas nenhuma sala é aberta sem que todos os profissionais recebam a capacitação de uma delegada de polícia, para ter o olhar diferenciado para o acolhimento. Sabemos que o combate a este crime é um trabalho árduo, mas temos que unir forças e com certeza este material servirá de base para discutir com propriedade e pautar este tema”.

O doutor em Psiquiatria Nelio Tombini, que assim como Nadine foi um dos entrevistados da edição, destacou que é preciso lançar luz sobre a saúde mental, questão diretamente ligada a este tipo de violência. “No que diz respeito ao feminicídio e à violência contra a mulher, é preciso olhar para o cenário que envolve o ambiente em que ocorre a violência, o fator emocional que influencia na decisão de manter em silêncio. As mulheres precisam de espaço para se abrir, precisam se sentir seguras e encorajadas a denunciar”, frisou. Ele citou o grupo de apoio psicoterápico do SUS, na Santa Casa de Porto Alegre, coordenador por ele: “a terapia desempenha um papel fundamental no fortalecimento emocional de pessoas que estão em vulnerabilidade. Ter espaço de fala é essencial para se libertar de um ciclo de dependência e violência, seja física ou moral. Muitas vezes a mulher não se dá conta de que está sofrendo algum tipo de abuso”. Tombini elogiou a iniciativa da AGERT, que soma esforços na conscientização sobre a importância da denúncia contra a violência.

O governador Eduardo Leite frisou quão positiva é a iniciativa da AGERT em levantar a bandeira do combate à violência contra a mulher e ao fomentar o debate da pauta. “Vivemos um tempo de mudança cultural, de maior força, reconhecimento e poder para as mulheres, mas isso é muito recente em nossa história como humanidade e há tanto ainda para evoluirmos. Trabalhamos no reforço da segurança pública com relação a este tipo de violência, mas é preciso uma transformação cultural, com indignação coletiva aos atos praticados contra as mulheres. E para isso, os meios de comunicação são fundamentais”.

 

 

Texto: Sâmela Lauz