PIB do Rio Grande do Sul registra crescimento de 0,9% no primeiro trimestre de 2019

Apesar de sentir os efeitos da baixa atividade da economia brasileira, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul fechou o primeiro trimestre de 2019 com variação positiva de 0,9%, na comparação com o mesmo período do ano passado. É o terceiro trimestre seguido em que o PIB gaúcho apresenta desempenho acima da média do país, conforme estimativas do relatório elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), divulgado nesta quinta-feira (1º/8) pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). O PIB do Brasil teve crescimento de 0,5% neste intervalo.

O desempenho nos primeiros três meses do ano teve como destaque a atividade industrial (+ 5,6%) e do comércio (+3,3%). Mesmo sob efeito do cenário nacional, no qual a esperada retomada pós-recessão está cada vez mais lenta, os dois setores apresentam uma sequência de desempenho acima de outras áreas. Os segmentos do atacado e do varejo vêm com variações positivas desde o fim de 2017, enquanto a indústria registra crescimento desde o terceiro trimestre do ano passado, após sofrer os impactos da crise iniciada em 2014.

Sempre com alto impacto na atividade econômica, o setor agropecuário recuou -4,4%, segundo estimativas da Fipe, além dos -2,3% registrados no último trimestre de 2018. Também no vermelho há mais de um ano, o PIB dos serviços seguiu no primeiro trimestre de 2019 patinando (-0,4%). A construção civil, depois de quatro trimestres com números positivos, teve queda acentuada no último período: -3,8%.

No acumulado

Esses cenários se repetem quando o relatório analisa a estimativa do PIB do RS no acumulado de 12 meses. Neste período, a indústria soma crescimento de 6,4%, o comércio 5% e a construção civil, 2,6%. O desempenho dessas áreas compensa, em parte, os recuos acumulados do setor primário (-4,2%) e serviços (-1%). Na comparação de desempenho nos 12 meses, a economia do RS teve variação de 1,4%, igualmente acima do PIB do Brasil no mesmo período (0,9%).

Perspectivas

A secretária da Seplag, Leany Lemos, avaliou as estimativas do PIB gaúcho com “otimismo moderado”. Para ela, as expectativas para os próximos trimestres são positivas, porém é preciso que o país avance nas reformas. “Aqui no Estado, estamos buscando tirar as barreiras ao empreendedorismo. O governador Eduardo Leite está priorizando uma agenda para atrair investimentos, através de um programa de privatizações, concessões e parcerias. É um esforço para superarmos a nossa situação fiscal e nossa limitada capacidade de investir com recursos próprios”, acrescentou.

Durante a entrevista coletiva de imprensa, Leany anunciou que a Seplag deverá retomar a produção de cálculos do PIB com equipe própria do Departamento de Economia e Estatística (DEE). Desde o início de 2017, esses cálculos vêm sendo realizados pela Fipe. “Estamos revendo o contrato e vamos retomar algumas atividades, entre elas o PIB, incluindo o cálculo do PIB municipal”, anunciou.

Setor primário

Para o coordenador de pesquisas da Fipe, economista Eduardo Zylberstajn, o RS deverá ter resultados positivos nos próximos trimestres ao prever uma reação da produção primária. “Esta queda dos primeiros três meses se deu, em especial, por problemas na cultura da uva e do arroz. Porém, a safra da soja trará impactos importantes”, disse. Ele também destaca que a indústria, mesmo com crescimento desde a metade do ano passado, ainda tem capacidade ociosa. “Uma retomada mais forte da economia como um todo, considerando a importância deste setor, poderá manter o RS crescendo acima da média nacional.”

Na visão do economista, o governo gaúcho vem adotando medidas importantes para estimular a atividade econômica, mas o cenário nacional precisaria contribuir mais. “A retomada após a recessão ainda é muito baixa, prova disso foi a decisão desta semana de novo corte dos juros pelo Banco Central. O empresário precisa ter confiança, ele não tomará uma decisão de investidor se houver risco de inflação ou aumento de carga tributária”, afirmou Zylberstajn.

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