Ausência de chuvas regulares pode afetar severamente produtividade nas lavouras

A safra brasileira de grãos 2018/2019 pode chegar a 238,28 milhões de toneladas, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os números ainda podem sofrer influência do fator climático, já que temperaturas relativamente mais quentes marcarão a próxima safra.

De acordo com prognósticos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-Inpe) e do Instituto Nacional de Meteorologia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Inmet-Mapa), a temperatura média em todo o Brasil no trimestre dezembro, janeiro, fevereiro deverá superar os 31.5ºC registrados no mesmo período de 2017/2018.

Segundo a CPTEC, em ano do fenômeno El Niño, que também vai causar alterações no regime pluviométrico em boa parte do país, embora classificado como de intensidade mais baixa, é característico que ele eleve a temperatura do Brasil. O El Niño também está envolvido no aumento de chuvas em algumas regiões e diminuição em outras.

Para a agricultura, isso pode significar um déficit hídrico parecido com o que vimos em 2018, que, apesar da boa colheita de grãos, foi um pouco prejudicada pela falta de água em vários momentos.

Para que isso não aconteça, os produtores podem combater antecipadamente a deficiência hídrica no solo. Entre os primeiros cuidados com as culturas, é necessário um manejo adequado durante o enraizamento inicial. Nesta etapa, que começa logo após a germinação, as raízes precisam atingir grandes profundidades e a planta apresentar um alto vigor inicial. Investir nessa fase pode trazer diversos benefícios ao produtor.

Segundo o engenheiro agrônomo Eduardo Silva e Silva, gerente técnico especializado em solo da SulGesso, alguns macronutrientes presentes em fertilizantes minerais estimulam o enraizamento da planta, sendo essenciais no processo. Alguns experimentos vêm comprovando a eficácia da utilização de cálcio e enxofre no solo, especialmente na forma granulada. “O sulfato de cálcio atua no aumento da porosidade do solo, promovendo sua descompactação e, consequentemente, um maior enraizamento das plantas. Raiz mais profunda, planta mais bem nutrida”.

O especialista explica ainda o resultado desse processo para a planta. “Quanto maior a densidade do sistema radicular, maior a área de contato com o solo em suas camadas é maior a possibilidade da planta captar a água dos microporos da terra, o que reduz significativamente os efeitos negativos à planta, como por exemplo a redução da atividade fotossintética, diminuição do crescimento, entre outros sintomas, causados pelo estresse hídrico”.

A importância do enraizamento é garantir o desenvolvimento pleno das culturas, pois quando a planta ou a semente expressa seu vigor de germinação, mas o solo dificulta o enraizamento da radícula, aumentam as chances de abortamento de plântula, implicando, as vezes, até na necessidade de replantio.

Outro exemplo do agrônomo é sobre a importância da palha na cobertura do solo. Para a manutenção da temperatura média, de modo a não ressecar o solo e nem matar os microrganismos, a cobertura em palha protege a terra, porém não impede 100% da penetração do raio solar, principalmente na linha de plantio, onde ela é rasgada.

“Mesmo que tenha a palha, o raio solar atinge até 10 cm de profundidade do solo, e a radícula está nessa camada. Se eu tenho um solo com problema de compactação, uma palha mal composta e com dificuldade de enraizamento, essa camada resseca, cessa o fornecimento de água pra planta e, sem água, ela não consegue absorver nutrientes, causando então um colapso nutricional. As células das plantas começam a se romper, se degenerando, e morrem”, acrescenta Silva e Silva.