Produtores de leite terão dívidas renegociadas e setor arrozeiro deve ser atendido nos próximos dias

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi, participou  de reunião com lideranças políticas e do agronegócio gaúcho. Maggi esteve em Não-Me-Toque (RS). No encontro, o ministro confirmou a compra de arroz e leite para atender os refugiados venezuelanos acampados em Roraima. Além do caráter humanitário, a medida traz um impacto comercial importante ao regular os estoques excedentes. A decisão atende a um dos pontos de reivindicação da Carta de Restinga Seca encaminhada pelos arrozeiros à Comissão Externa Sobre o Endividamento Agrícola (CEXAGRI) da Câmara dos Deputados.

Presente ao encontro com Maggi, o coordenador da Comissão Externa, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), também destacou o anúncio do vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hübner, para o setor leiteiro. “Ficou definido o pagamento de 20% das parcelas de custeio e investimento que estão prestes a vencer. O restante será prorrogado em até três anos. É uma medida importante pois representa um alívio para o produtor, já que o grosso das dívidas está na carteira do Banco do Brasil”, destacou Jerônimo. Outra boa notícia para o segmento é a inclusão do leite na política de preços mínimos do governo federal. No entanto, o parlamentar demonstrou preocupação com o volume de leite represado nos estoques do governo e das empresas. “São 100 mil toneladas estocadas que exigem outros mecanismos para serem escoadas, como PEP e PEPRO. O governo ficou de estudar essa alternativa”, apontou.

Arroz

As medidas de apoio ao setor orizícola devem ser anunciadas dentro de 15 dias e devem ser semelhantes às definidas para o leite. “Acreditamos que o prazo de renegociação deve ser maior. É uma boa medida. Tudo isso também está dentro da carteira do Banco do Brasil. Agora, nos dá uma tarefa adicional de trabalhar na edição de uma resolução do Conselho Monetário Nacional que permita a inclusão dos demais bancos”, acrescentou Jerônimo.

Mercosul

Os produtores de leite, arroz e trigo fizeram uma cobrança muito firme em relação à importação predatória desses produtos vindos de Paraguai, Argentina e Uruguai. O ministro da Agricultura disse acreditar que chegou a hora do governo brasileiro compensar as dificuldades de competitividade desses segmentos e que está trabalhando na construção de medidas de apoio à concorrência desleal.

Uma das saídas seria liberar a importação dos insumos produzidos nos países vizinhos, com preços menores, mas que são proibidos de serem comercializados no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo Jerônimo, se não houver avanços, o jeito será colocar em votação o Projeto de Lei 3487/2012, de autoria do próprio parlamentar, que proíbe a comercialização e a estocagem de arroz, trigo, feijão, cevada, aveia e cebola importados, que não tenham passado por análise de resíduos químicos de agroquímicos usados na industrialização desses produtos. A proposta já está pronta para ser votada no Plenário da Câmara dos Deputados.

Próxima reunião

A Comissão Externa Sobre o Endividamento Agrícola volta a se reunir na próxima quarta-feira (14), às 14 horas. Segundo Jerônimo, um dos temas que serão discutidos no encontro será a busca por uma solução para o passivo que se encontra fora do sistema financeiro. “O governo não tem uma medida pronta para esses débitos. Precisamos buscar uma alternativa”, destacou. Ainda na reunião da Expodireto, o ministro da Agricultura concordou com a criação de um grupo interministerial para acelerar as discussões do colegiado junto aos órgãos de governo.

Cenário negativo

No encontro com os produtores Blairo Maggi alertou o setor sobre problemas com relação ao milho e ao farelo, que devem sofrer uma significativa elevação de custos. O ministro da Agricultura também disse que a reunião para discutir o embargo russo à carne brasileira só deve acontecer no dia 8 de abril. Ou seja, até lá não há perspectiva de melhora neste cenário.